30.8.05

As ferramentas do Bom Pastor

Cada profissão tem suas ferramentas próprias. Rudes e simples como as de um pedreiro, ou delicada e sofisticadas como as de um médico, essas ferramentas são extensões do profissional e o ajudam a ser mais efetivo naquilo que faz.

O pastor de ovelhas, dos tempos bíblicos, tinha duas: a vara, e o cajado. De um modo geral a vara era usada para facilitar as longas caminhadas, poupando energias para estar sempre a disposição do rebanho, mas nas horas decisivas, ela servia para espantar os lobos, e, as vezes, para uma pancadinha numa ovelha teimosa que insistia em ficar longe do rebanho.
O cajado, com a ponta curvada, servia basicamente, para puxar a ovelha para perto, seja quando estivesse metida em problemas, seja para quando precisasse de cuidados.

Essas duas ferramentas, que Davi usou na juventude, quando era pastor dos rebanhos de seu pai, se prestam admiravelmente bem para ilustrar as “ferramentas” usadas pelo Senhor, para cuidar de seu rebanho. Delas vem as duas coisas que mais se necessita e mais se procura nos dias atuais: proteção e cuidado.

O curioso é que Davi, ao lembrar-se do que fazia com elas, traz à mente não o sentimento de segurança, que deveria ser o sentimento experimentado pela ovelha protegida e cuidada, mas de consolo.
Embora o sentido desta palavra esteja muito ligada ao sentido da palavra conforto, o que ele destaca ao usa-la nessa forma é a atuação do pastor após a ovelha ser livrada de grande perigo ou aflição. É o complemento da passagem pelo vale da sombra da morte. Como se após ter passado pelo vale fosse consolado pelas perdas que sofreu lá.

Examine sua vida: Você já saiu do vale da sombra da morte ou ainda está passando por ele? Se está passando, anime-se e não tema pois o Bom Pastor está junto de você. Se já saiu, receba seu doce consolo que minimiza as dores de eventuais perdas que tenha sofrido.

Tenha bom ânimo e confie-se ao Bom Pastor.

12.8.05

... porque tu estás comigo

Se você é pai, e já teve a oportunidade de ver seu filho correr e se esconder atrás de você, sabe muito bem o que significa confiança. Eu me lembro de uma vez que um cachorrinho avançou contra minha filha de 4 anos, de como ela se agarrou às minhas pernas, como se ali fosse o lugar mais seguro do mundo, onde ela estaria a salvo daquele “bicho terrível”.

Mas se você ainda não é pai ou mãe, certamente é filho. Talvez até não se lembre, mas já agiu assim.

É indescritível a sensação de confiança que um pai passa a seu filho, como também é indescritível a sensação de confiança que um filho tem em seu pai.

Perto do pai ele pode tudo. Confiado no pai ele se atreve a pular de um lugar alto. Olhando para o pai ele dá os primeiros passos, como que desafiando todas as implicações da força da gravidade.

O pai é tudo para o filho e o filho adquire forças no pai. Perto do pai ele não tem medo e, mesmo que os desafios sejam enormes, ele enfrenta por ter confiança no pai.
É isso o que está dito na frase “... não temerei mal algum, porque tu estás comigo”.

Essa frase faz parte do Salmo 23, onde Davi está referindo-se ao Bom Pastor. Entretanto o Salmo expressa a relação confiante de Davi no Bom Pastor, a exemplo do que suas ovelhas tinham nele, quando jovem ele as apascentava. O Salmo não fala de pai.

Porem, ao revelar-se a nós, Deus usa a figura do Pai. Certamente ele não é pai no mesmo sentido que nós humanos o somos, mas que outra figura conhecemos que expresse tão bem os cuidados que Deus tem por nós, além da figura paterna?

Davi encontrou a figura do pastor, como uma que se aproxima, pois certamente ele se lembrava da época em que, não tendo filhos, se desdobrava para cuidar de suas ovelhas.

Pense nisso: Pai ou pastor, ele está tão presente que, ainda que andemos pelo vale da sombra da morte, apenas sua presença dissipa todo o medo.

Coragem enfrente a vida, debaixo da orientação de seu Pai.

10.8.05

Vale da sombra da morte

Certamente, você já deve ter passado por alguns lugares que “metem medo”. Eu já passei por alguns. Aliás, já passei por tantos que nem me lembro mais de todos eles.

Ruas escuras, desertas, ou, as vezes tão cheias que não se pode ter certeza de chegar ileso ao destino.

E as paradas obrigatórias nos cruzamentos depois de meia-noite? Vidro fechado. Olhar preocupado por todos os espelhos e a ânsia de que o sinal abra logo.

Embora eu esteja descrevendo o que geralmente acontece a quem vive na cidade grande, dá pra imaginar o que pode acontecer a quem precisa andar por uma estradinha deserta.

Entretanto convém lembrar de que essas descrições podem ser figuras de quem passa por um problema que não tem qualquer coisa a ver com ruas ou estradas. Por exemplo, uma doença ou um longo período de desemprego.

Há na Palavra de Deus um texto que diz o seguinte: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte...”.

Há quem localize esse vale na estrada que ligava Jerusalém a Jericó, em uma passagem estreita entre dois montes. Nos dois lados desse vale havia muitas cavernas em que os ladrões, escondidos, emboscavam os viajantes. Era tão perigoso passar por lá, que diziam que lá, a morte fazia sombra.

Não tenho certeza de que o salmista esteja se referindo a esse lugar. Porém a certeza que fica é que a morte faz sombra.

Quantas vezes nós enfrentamos problemas que são verdadeiras ameaças às nossas vidas? A apreensão que era distante no passado, hoje está presente num simples cruzamento de rua, ou mesmo no sair de casa. Porém é sombra.

Ora, a sombra só acontece devido à luz, ou mais precisamente ao sol. Portanto se há sombras em nossa vida, certamente há um sol. Também, vale a pena lembrar que as sombras são passageiras. O sol só é encoberto por algum tempo. Depois ele volta a brilhar.

Depois de muitos anos voltei à fazenda onde vivi até minha infância. Lembrei da pedra alta que ficava atrás da casa de meu avô e resolvi subir lá: à direita ficava a casa de meu tio, que naquela hora estava na sombra de uma nuvem. Na frente estendia-se, vindo até perto da varanda, a parede do açude, que separava a água, do lado esquerdo da várzea do lado direito. Na extremidade esquerda ficava a casa de outro tio.

Porém, quando voltei os olhos, a sombra da nuvem já estava na várzea.

Além das lembranças que voltaram, veio também a certeza de que as sombras são passageiras.

Espero, de todo meu coração, que se você esteja agora “debaixo de uma sombra”, não se esqueça que por mais tempo que ela dure, ela sempre acaba. Mas, muito mais do que essa lembrança, tenha a certeza que além dela, brilha o sol.

8.8.05

Por amor do seu nome

Como é bom ouvir que Deus nos ama. Concordo que, nos dias de hoje, é necessário tomar cuidado com essa declaração, pois a palavra amor está tão deturpada que ela já significa tantas coisas, qua praticamente não significa mais nada.

Entretanto a Palavra de Deus é clara ao dizer que Ele ama ao mundo. Diz também que Ele é amor. Maravilhosas declarações que devemos depurar cada vez mais para melhor entender seu real significado.

Porém, Deus ama também a seu próprio nome. Se você já orou a oração do Pai Nosso, sabe que a primeira coisa que pedimos por ela é que Deus santifique seu nome. Lembra? "santificado seja o teu nome".

Deus zela pelo seu nome com mais cuidado do que nós zelamos pelo nosso. Afinal nenhum de nós que ver seu nome envolvido com aquilo que não é de boa fama. Deus também não.

Em uma frase do Salmo 23, encontramos a declaração de que Deus nos guia pelas veredas da justiça por amor de seu nome. O conceito original dificilmente poderá ser apreciado por nossa cultura, que dista da cultura em que o Salmo foi escrito, não apenas milhares de quilômetros, mais, pelo menos 3 mil anos. Entretanto o principio permanece: Ele nos faz agir como ele mesmo age, por amor ao seu próprio nome. Ou seja: ele nos mostra a justiça para que seu nome não seja "sujado".

Você já pensou nisso? Deus ajuda você não apenas porque lhe ama, mas também por que se ama?

Você já pensou nisso? Quando você não age segundo a justiça de Deus você envergonha o nome dele?

Você já pensou nisso?

Pense no dia de hoje:

Quantas oportunidades você já teve (espero que não tenha perdido nenhuma), de mostrar a justiça de Deus e, com isso, honrar o nome dele?

Quantas oportunidades você ainda tem de honrar o nome dele sendo mais justo? E então? O que é que você está esperando?

Anime-se e viva o restante do dia, e todos os demais, de cabeça erguida, honrando o nome do Senhor através dos pequenos atos que ele mesmo confia que você dará conta de resolver.

1.8.05

Veredas da justiça

Quando pequeno, eu morava no interior do estado do Maranhão. A rodovia Belém-Brasília ainda era de terra, e era pouco mais larga do que uma estrada de duas pistas. Dela partiam diversas estradinhas mais estreitas ainda, que davam em cidades pequenas.

Dessas estradinhas, saíam "carroçais" (estradas para carroças ou charretes), que acabavam em fazendas. Dentro das fazendas havia caminhos que ligavam uma casa a outra.

Geralmente de um lugar desses para outro havia veredas: mais do que as "picadas" que se fazia para andar no mato e menos do que um caminho.

Essas veredas, conhecidas de quem as usava, muitas vezes sumiam, quando encontravam chão pedregoso ou um rio, para retornar logo após. Deixavam um viajante inexperiente completamente perdido se não conhecesse o lugar ou não tivesse um guia.

A justiça é assim: Como uma vereda, que deve ser seguida. As vezes ela desaparece e deixa seu seguidor confuso, que não consegue mais vê-la, ou se depara com o que parece ser uma vereda e na verdade não é.

Um das coisas que o Bom Pastor nos proporciona é orientação para reconhecer a "vereda da justiça".

Como seria bom se a justiça fosse semelhante a uma rodovia asfaltada. Seguramente, todos andariam por ela, mesmo que tivessem que pagar pedágio. Mas não é assim. As vezes a justiça precisa ser imposta. Muitas vezes é necessário sermos obrigados a segui-la, pois não a vemos, ou não a reconhecemos.

O Bom Pastor, nos guia pelas veredas da justiça.

Como resolver aquele problema que demanda imparcialidade? Como dar a alguém o que lhe pertence sem prejudicar a outro? Como exigir aquilo a que temos direito sem ferir a outros que precisam dele igualmente?

Na verdade, em todas as ocasiões de nossa vida estamos aplicando a justiça. No repartir o alimento, no premiar nossos filhos, no presentear nossos queridos. E em tantas outras situações, jamais fugiremos dessa atribuição que nos foi dada por nosso Criador.

A felicidade é que Ele mesmo nos leva por esses caminhos e faz com que, passando por eles, não apenas reconheçamos o que devemos fazer, mas com que façamos. E, isso, sem perder o caminho.